O Ebrats - Encontro e Exposição Brasileira de Tratamentos de Superfície, teve início na tarde desta quarta-feira (11), no São Paulo Expo. Em sua 18ª edição, o evento acontece a cada dois anos e marca o aniversário de 45 anos de uma das principais vitrines para tecnologias e produtos de tratamentos de superfície na América Latina.

Rubens Carlos Filho, diretor geral do Ebrats 2024, destaca o crescimento da feira e dos conteúdos ofertados no evento, que segue até sábado (14). “Temos muito orgulho de realizar o Ebrats desde 1979, fortalecendo o setor ao longo de décadas. Eu gostaria de estender meus agradecimentos, em particular, à Comissão Organizadora que se dedicou nesses últimos dois anos para entregar o melhor às empresas e profissionais do setor. Tivemos um crescimento de mais de 40% na área de exposição em relação à edição de 2022, ampliando de 41 expositores para 55 este ano”.

Marco Barbieri, diretor executivo do Sindicato da Indústria de Proteção, Tratamento e Transformação de Superfícies do Estado de São Paulo (Sindisuper), ressaltou a importância do Ebrats para todos os setores da indústria. “Estou muito feliz e entusiasmado com a realização de um evento deste porte e relevância. Além da feira, temos palestras riquíssimas em conteúdo e o intercâmbio de conhecimento entre gerações”, destaca Barbieri

Em parceria com Carlos Filho e Barbieri, Reinaldo Lopes, presidente da Associação Brasileira de Tratamentos de Superfície (ABTS), comentou sobre a importância do Ebrats: “o evento é muito bom para esse networking que nós vamos gerar aqui, além de apresentar novos processos e conhecer mais sobre o mercado.” O encontro e a exposição é uma realização da ABTS, tendo o IEG Brasil como organizadora e promotora.

Além das novidades que serão apresentadas pelas marcas expositoras, o público também terá acesso aos conteúdos do Ebrats Tech Show, com 10 palestras técnicas sobre “Inovações e Avanços no Tratamento de Superfície”; e o Ebrats Trends, que acontece no dia 12 de setembro e contará com a participação do economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, da professora da PUC-Rio, Carla Branco (professora da PUC-Rio) e do gerente de Assuntos Técnicos da Anfavea, Gilberto Martins. Os especialistas debaterão os seguintes temas: “ESG - Sustentabilidade", às 14h; “Perspectivas da Economia Brasileira” às 15h; e “Tendências da Indústria Automobilística” às 16h. Mais informações neste link

Sustentabilidade é tendência nas soluções para tratamentos anticorrosivos

O uso de soluções anticorrosivas sustentáveis tem sido uma prioridade crescente na indústria, especialmente com o aumento da preocupação em relação ao impacto ambiental de processos tradicionais. O cromo hexavalente, amplamente utilizado em revestimentos anticorrosivos, está sendo gradualmente substituído por alternativas menos prejudiciais, como o cromo trivalente, que oferece proteção eficaz com menor impacto ambiental. O tema é uma das principais discussões entre as empresas que participam do Ebrats 2024, o maior evento de tratamentos de superfície da América Latina, que acontece no São Paulo Expo entre os dias 11 e 14 de setembro.

Como principal alternativa ao cromo hexavalente, Herivelto Mattos, gerente de vendas da NOF Metal Coatings South America, destaca o uso de revestimentos à base de flocos de zinco e alumínios organometálicos, como nas indústrias automotiva, agrícola, eólica e petroquímica. Um exemplo apresentado pela empresa expositora do evento é a linha GEOMET, um dos principais substitutos para o revestimento galvanizado a fogo. Totalmente ecológica e livre de metais pesados, o produto é ideal para empresas localizadas em regiões com rígido controle ambiental, como áreas próximas a mananciais e nascentes de água, onde a utilização de produtos sustentáveis é uma exigência.

“É uma grande vantagem hoje para o mercado”, afirma Mattos, ressaltando também que hoje, a produção da linha GEOMET é local, trazendo benefícios que vão além da sustentabilidade do produto em si. A produção nacional gera empregos, reduz custos e otimiza os processos industriais com o uso de matérias primas locais, eliminando a necessidade de importação. Como resultado, a empresa consegue oferecer preços mais competitivos no mercado.

Essa busca por processos mais sustentáveis não se limita apenas à substituição de substâncias nocivas, mas também incentiva o desenvolvimento de novos negócios, como explica Flaviana Zanini, diretora de operações da Macdermid Enthone para a América do Sul. Entre as inovações apresentadas pela empresa, destaca-se a linha PET, que oferece soluções para o tratamento das superfícies das garrafas PET recicladas. Segundo Zanini, esse mercado está crescendo na América do Sul, refletindo a expansão que já ocorre na Europa, e representa um campo promissor para o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis no ramo.

“A maior parte dos produtos está completamente a favor do aspecto ambiental”, afirma a diretora. “Procuramos sempre processos que permitam o uso de energias renováveis", complementa, ressaltando que a busca por alternativas sustentáveis transforma os processos internos da empresa, muito antes da produção dos produtos: "A gente não trabalha só no produto. Já trabalhamos bem antes, dentro da empresa, buscando formas de fazer a produção acontecer de maneira mais sustentável”, finaliza.

Empresas de pintura adotam práticas ESG

Pintar uma superfície e também tratar da remoção de tintas e/ou sujeiras tem norteado o setor em buscar soluções mais baratas e também sustentáveis. Em 2023, o setor de tintas cresceu 3,4% em relação ao ano anterior, totalizando 1,87 bilhão de litros produzidos. O valor arrecadado com exportações chegou a quase 225 milhões de dólares.

Participando pela primeira vez do Ebrats - Encontro e Exposição Brasileira de Tratamentos de Superfície, a Max-Group apresenta seu processo de decapagem de pintura: a pirólise, um método de termo destruição dos polímeros, sem combustão, sem contato direto com o metal. Por meio deste aquecimento indireto ocorre a calcinação da tinta. “Esse processo é ecologicamente mais correto, porque ele trabalha com baixo consumo de gás, não gera resíduos tóxicos que poluem o meio ambiente. Ao mesmo tempo, diminui o risco de acidentes do trabalho, porque a nossa câmara é hermética, termo controlada e aí com isso a gente consegue ter um custo muito mais barato e um resultado ambiental melhor para os nossos clientes”, destaca José Roberto Gerônimo, diretor da SP Max, uma das empresas da Max-Group.

O executivo enaltece a importância do evento para o setor e aposta na pirólise como a tendência do mercado em um curto prazo. “É a primeira vez que expomos no Ebrats e estamos gostando do resultado, exatamente pela curiosidade do público, por ser um processo inovador e, com base nessa curiosidade, temos recebido bastante visitantes no estande. Ainda segundo Gerônimo, a tendência é uma evolução ainda maior do processo da pirólise. “Por conta do ESG, muitas empresas estão preocupadas com o processo químico, que é o mais utilizado. Então a pirólise está vindo como uma forma de trazer limpeza sem ter esse risco ambiental, afirma.

Para Fabiano Fabossi, do departamento comercial técnico da TPI (Técnica em Pintura Industrial), o Ebrats é uma grande vitrine para o setor. “É aqui no evento que podemos mostrar nossas novidades para o público e para nossos clientes e parceiros. Temos o sistema automatizado de pintura eletrostática em pó com o módulo TPI SCC100, que controla em tempo real a camada de tinta. Dessa forma, evitamos desperdício de recursos e mantemos a uniformidade da pintura. Por meio deste processo, não é gerado resíduo líquido que possa contaminar o solo, por exemplo. Os segmentos da indústria em que atuamos são a construção civil e o automotivo.”

Estamos preparados para a mudança sustentável?

Reciclar, reutilizar, remanufaturar, reparar e reduzir. Esses cinco ‘R’ estão na filosofia da MacDermid Enthone, empresa que vem buscando alternativas ao uso do cromo hexavalente, substância com alto nível de toxicidade. Carmo Leonel Júnior, gerente de assistência técnica na América do Sul da empresa, destacou a importância de construir um futuro sustentável durante palestra realizada no Ebrats Techshow.

“A legislação sempre direcionou o que deve ser utilizado na cromação do plástico e dos metais, especialmente para a indústria decorativa. Estamos em uma busca constante por tecnologias sustentáveis, que utilizem menos energia e permitam a reciclagem, viabilizando-as com um custo que seja acessível”, afirmou.

Leonel ainda questionou se já estamos preparados para essa transformação. “Nosso setor convive com o desafio de manter o que os designers criam. No Brasil, atualmente, a legislação ainda permite solventes e gerações de produtos que já são vetados na Europa e na China”, finalizou.

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