José Ricardo Roriz
Em poucos meses, quando a vacinação em massa controlar a pandemia, haverá um renascimento industrial, com oportunidades estratégicas para quem conseguir entender o novo momento mundial. Nesta semana em que a indústria brasileira comemora seu dia, o 25 de maio, a questão relevante é saber qual lugar queremos ocupar no mapa mundial de produção.
Seremos protagonistas da energia limpa, do agro tecnológico e industrial, da biotecnologia, dos produtos para a saúde e tantos outros setores industriais? Exploraremos nossa vocação exportadora e as parcerias no nosso Continente? Conseguiremos agregar valor e reputação à marca Brasil? Ou vamos nos limitar a vender matéria-prima?
Temos de incrementar com urgência a fórmula "Iniciativa Privada-Universidades-Governos" que se tornou paradigma no Vale do Silício e que também está por trás da arrancada da China. Para retomar o protagonismo da indústria precisamos, antes, despartidarizar o debate, corrigir dificuldades estruturais e renovar a liderança industrial. São Paulo tem um papel central nessa mudança.
No ano passado, a indústria de transformação representou meros 20,4% de toda a produção nacional de bens e serviços, a pior participação em quase 80 anos de história. Há excessivo peso de tributos, que obrigam a indústria a arcar com mais de 40% da arrecadação total, mesmo participando com apenas 20% do PIB.
A indústria é a maior prejudicada por uma legislação confusa e complexa, que obriga nossas empresas a arcar com 1.501 horas anuais de trabalho fiscal e contábil, um custo burocrático para pagar impostos que não existe nos nossos concorrentes.
O processo de desindustrialização do Brasil caminhou ao lado do processo de personalização e partidarização das entidades da indústria. Como alternativa, os diversos setores fortaleceram suas associações. No agro, ocorreu o inverso. A bancada ruralista uniu interesses dispersos, transformando a causa de um em causa de todos. Ninguém se perpetua como liderança absoluta.
Como candidato à renovação da segunda maior entidade industrial do mundo, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), defendo o protagonismo que o setor de transformação merece. Temos eleições marcadas para o dia 5 de julho e mais de 6.500 associados aptos a votar. É a primeira vez em 17 anos que duas chapas disputarão o Ciesp com ideias e projetos marcadamente diferentes.
Substituir um projeto personalista, com fracassada ambição eleitoral e partidária, por uma direção que descentralize as 42 regionais do Ciesp, com mais poder de decisão local, dará um novo fôlego à entidade. Nossa indústria também pode ser pop, inovadora, tecnológica e competitiva. Está na hora de iniciar a mudança.
José Ricardo Roriz Coelho é vice-presidente da Fiesp e do Ciesp e presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico)
Fonte: Assessoria Imprensa